sexta-feira, março 28, 2008

Dia Mundial do Teatro - mensagem

Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo canadiano é o autor da Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2008.

"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:
Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.
Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira.

E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.

A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?

Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.

É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."

Robert Lepage

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Nota: este blogue está associado ao blogue Sesimbra e destina-se à colocação de textos mais longos e outras informações originalmente publicadas naquele blogue.

Livros da nossa Biblioteca

Errâncias Miguelistas (1834-43)
Maria Teresa Mónica

   Uma original investigação histórica sobre os destinos das hostes miguelistas após a sua derrota. Os "grandes" refugiaram-se pela Europa (D. Miguel em Itália) e os outros sofreram a perseguição, o desemprego, a prisão ou a chacina, numa escala ainda maior do que os próprios miguelistas tinham feito aos liberais.
   Sesimbra também teve a sua história ligada a uma vítima deste descalabro dos defensores do "antigo regime": José António Pereira, que esteve preso dois anos no Forte de S. Julião da Barra, e depois veio residir para Sesimbra, para a Faúlha (Cotovia). Desempenhou um papel notável no florecimento cultural da vila, tendo sido o fundador da primeira Banda (1853) e depois do Grémio — actual Clube Sesimbrense.
   O livro não lhe faz referência, mas sim aos nobres da Casa Cadaval, que andaram alguns anos exilados pela Europa, e de quem José António Pereira passou a ser administrador, a partir de 1868.

Cota: 94(469)"18" MON

O Sal da Terra
Cardeal Ratzinger

Uma entrevista com Peter Seewald
«Hoje sabemos que o modelo democrático se desenvolveu a partir das constituições monacais que anteciparam esses modelos com os capítulos e a votação. Assim, a ideia de um direito igual para todos pôde encontrar a sua forma política. É claro que antes já tinha havido a democracia grega, da qual vieram impulsos decisivos, mas que teve de voltar a ser transmitida depois da queda dos deuses. É um facto conhecido que as duas democracias originárias, a americana e a inglesa, se baseiam num consenso de valores que vem da fé cristã e que só puderam e podem funcionar, quando existe um consenso básico no que respeita aos valores.» [pag. 176]

Cota: 272-662 RAT

Que Cavalos São Aqueles que Fazem Sombra no Mar?
António Lobo Antunes

A acção decorre no Ribatejo, numa quinta onde se criam toiros.
A mãe está a morrer e cada um dos filhos fala e conta a sua história, que se cruza com a história dos outros.
Francisco, que odeia os irmãos e espera apropriar-se de tudo quando a mãe morrer; João, o preferido da mãe, pedófilo, que engata rapazinhos no Parque Eduardo VII; Beatriz, que engravidou e teve de casar cedo; Ana, a mais inteligente, drogada e frequentadora dos mais sinistros lugares onde se trafica droga.
Há ainda a figura do pai, que vai perdendo ao jogo a fortuna da família, na obsessão de que o número 17 lhe há-de trazer a sorte.
E finalmente Mercília, a criada que os criou a todos e que sabe todos os segredos. [sinopse da editora]

Cota: 821.134.3-3 ANT

O mistério de Portugal: na história e n'Os Lusíadas
António Telmo

António Telmo demonstra, nesta obra, a existência de uma tradição secreta de tipo gnóstico e esotérico que influenciou profundamente a história e a cultura portuguesas sobretudo até ao período dos Descobrimentos.
Na primeira parte, partindo do manuelino como a cifra "que cala o mistério da história de Portugal" expõe uma leitura cíclica e esotérica dos oito séculos de história portuguesa.
Na segunda parte, apresenta uma interpretação completamente inovadora da obra magna de Luís de Camões, onde demonstra a influência da sabedoria gnóstica de raízes persas n’Os Lusíadas e no pensamento do grande vate lusitano.

Cota: 141.33(469) TEL

O Exílio e o Reino
Albert Camus

O Exílio e o Reino é um conjunto de novelas de que originalmente fazia parte a longa narrativa A Queda. Agrupa seis histórias: A Mulher Adúltera, O Renegado, Os Mudos, O Hóspede, Jonas e A pedra que Cresce. Um só tema as percorre no entanto a todas. É o tema do exílio, que aqui é abordado de seis formas diferentes, desde o monólogo interior até à descrição realista. «O Reino, por sua vez, que também é referido no título» - acrescenta Camus, - «coincide com uma certa vida livre e despojada que teremos de reencontrar, para podermos enfim renascer. O Exílio, de certo modo, mostra-nos as vias de acesso a essa outra vida, desde que saibamos nele recusar ao mesmo tempo a servidão e a posse.»

Cota: 821.133.1-3 CAM

História da Primeira República Portuguesa
Fernando Rosas, Maria Fernanda Rollo (coord.)

«Propomos, neste volume, vários entendimentos para essa curta mas rica e complexa República de 16 anos que, longe de ser a aurora emancipadora e progressista que os seus apologistas e apoiantes anunciavam, desejavam e por que se bateram, acabou por se transformar na conturbada crise terminal do liberalismo português a que sucederia o longo ciclo de autoritarismo. Como venceu a República em 1910? Que contradições, que dificuldades viveu, como as resolveu, ou não, até à terrível aventura da participação na Grande Guerra? Que projectos delineou, que portas abriu ou tentou abrir nos vários campos em que procurou apostar? E como renasceu do pós-guerra, após o breve mas premonitório intervalo sidonista? Que República ou que repúblicas e anti-repúblicas foram essas que então se realinharam, também em Portugal, para a grande batalha social e política que anunciava na Europa a época dos fascismos? Afinal, porque venceu e porque morreu a Primeira República? E o que ficou dela como património de memória e reflexão para a democracia de hoje?»
(Da Introdução)

Cota: 94(469)"19" ROS

Alfredo da Silva
de Miguel Figueira de Faria (org.)

«Não há dúvida que Alfredo da Silva merece uma biografia. Depois de uma primeira tentativa, fracassada, fruto de uma encomenda da família a Dias Miguel, eis que acaba de sair outra, desta vez feita por uma equipa de académicos liderada por Miguel Figueira de Faria. O livro tem méritos e defeitos. Comecemos pelos primeiros, de que há a destacar, à cabeça, a quantidade de trabalho realizada. O livro representa, por outro lado, um contributo para a História das empresas portuguesas, de que a CUF foi certamente a mais importante no século XX, e tem ainda a característica de, apesar de ter sido uma encomenda da família, não ser uma hagiografia, um pecado comum na maior parte das obras do género.»

continuação: →

Maria Filomena Mónica

Cota: 929 SIL

Portugal na Era de Quinhentos
de João Cordeiro Pereira

   Livro de ensaios históricos, um dos quais — Organização e Administração Alfandegárias de Portugal no século XVI — tem especial interesse para Sesimbra, ao revelar pormenores (que julgamos serem inéditos para os sesimbrenses) da decisão régia de encerrar a alfândega de Sesimbra, prejudicando seriamente uma importante actividade económica da terra: a navegação comercial.
   O argumento para este acto foi o da necessidade de controlar as acções de contrabando nesta costa da Arrábida (que ainda hoje são importantes...) mas as pressões feitas neste sentido por Setúbal tinham como principal objectivo o de impedir a concorrência que lhe era feita pelos mareantes de Sesimbra. São conhecidas outras iniciativas de Setúbal para prejudicar economicamente Sesimbra, como a de vedar aos sesimbrenses a compra do sal que era produzido no estuário do Sado.
   Neste caso do encerramento da alfândega, Sesimbra lutou como pôde contra a decisão, conseguindo adiá-la durante alguns anos:

"Em 1560 Sesimbra ainda tem alfândega, mas por pouco tempo mais. No regimento que António de Teive deixou na de Setúbal, datado de 10 de Março de 1564, determina-se que nenhum navio
«surja em Sezimbra e Arrábida, mas sim no porto de Setúbal».
Para dar cumprimento efectivo à disposição, ordena-se que no final de cada ano o contador da comarca tire devassa em Sesimbra sobre as eventuais contravenções. A vila piscatória perdera definitivamente a batalha." [pag. 86]

Cota: 94(469)"15" PER

Arqueologia : uma breve introdução
de Paul Bahn; tradução de Alexandra Abranches; revisão científica de Vítor Oliveira Jorge

Cota: 902 BAH

Glossário Ilustrado de Pesca
de Bento d´Assunção Leite

      Um bom glossário, que inclui numerosos termos de Sesimbra, alguns deles ausentes de outros dicionários — tais como pita e piteira, por exemplo.
      No entanto, a aiola (que também aparece referida como "aiala") é aqui identificada apenas como um pequeno barco usado na pesca do espadarte, equipado com uma cadeira movel, etc. Isso existiu: foi a adaptação inventada por Arsénio Cordeiro, nos anos 60, para a pesca desportiva daquele peixe, mas a aiola é muito mais do que isso.
      Em todo o caso, trata-se de um útil livro de consulta.

Futebol de Praia
de Nuno Magalhães Guedes
ilustrações de Pedro Potier

O JP e os seus amigos do Miramax Futebol Clube, com os primos Miguel e Manel, o super guarda-redes Pedro e os outros craques, enfrentam uma equipa difícil e agressiva num jogo que ia acabando muito mal. Estariam os inimigos da misteriosa Brigada Operacional de Luta Anti-Futebol por detrás dos problemas? Mas a pior surpresa estava reservada para o torneio de futebol de praia nas férias. Será que nem aí a BOLA-F os iria deixar sossegados? Objectivo Golo — uma colecção que faz do futebol um excelente pretexto para descontraídas horas de leitura!

Cota: 821.134.3-93 GUE

Futebol jovem: um guia completo de treino para o jovem jogador
de Adam Ward e Trevor Lewin
ilustrações de Pedro Potier

Neste livro produzido em associação com o West Ham United, os autores de demonstram, baseados nos exemplos de alguns grandes jogadores, como Maradona, Pele e Eusébio, que as competências técnicas podem ser estimuladas desde muito cedo. Todos os aspectos do jogo - actividades dirigidas ao guarda-redes, tácticas das equipas, etc. são apresentados em fotos e diagramas ilustrativos. É um livro recomendado para o treinador de jovens dos 6 aos 16 anos
Conteúdo: começar - aquecimento - habilidades básicas - habilidades individuais - trabalho de guarda-redes - lances de bola parada - jogo táctico - velocidade e agilidade.

Cota: 796.33 WAR

Cuidado com a Língua
de Maria Regina de Matos e José Mário Costa

A língua portuguesa - língua de oito povos, mais de duzentos milhões de pessoas em todo o mundo - é o território do programa Cuidado com a Língua!, transmitido pela RTP, cuja primeira série de treze episódios agora se edita em DVD, que acompanha este livro. Dele constam não só os temas destes treze primeiros episódios, desenvolvidos, mas também outros com eles relacionados.
Encontram-se aqui registados, de uma forma didáctica e ao mesmo tempo lúdica, alguns dos erros mais vulgarizados e respectiva correcção. Mas também, e sobretudo, a formação e a evolução do português, o percurso das palavras ao longo dos séculos.

Cota: 811.134.3'271 ROC

O Duplo
de Fiódor Dostoiévski
tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra

«'É preciso, diz a senhora, ser chefe de secção e viver numa choupana, à beira-mar. Em primeiro lugar, minha senhora, à beira-mar não há chefes de secção; em segundo lugar, é-nos impossível, para mim e para a senhora, o tal recurso de chefe de secção. Digamos que entrego uma petição, por assim dizer, e que me apresento: assim e assim, pretendo ser chefe de secção... e defendam-me do inimigo... e eles respondem-me que, minha senhora, por assim dizer... já há muitos chefes de secção, e a senhora não pense que está no internato da imigrada Falbala, minha senhora, onde aprendeu uma conduta decente, de que está a servir de infeliz exemplo. Ora, conduta decente, minha senhora, significa estar em casa, respeitar o pai e não pensar em noivos antes do tempo. Os noivos, minha senhora, aparecem no seu devido tempo... e mais nada! .»

Cota: 821.161.1-3"18" DOS

Em Busca do Tempo Perdido
de Marcel proust
com tradução de Pedro Tamen

«Durante muito tempo fui para a cama cedo. Por vezes, mal apagava a vela, os olhos fechavam-se-me tão depressa que não tinha tempo de pensar: "Vou adormecer". E, meia hora depois, era acordado pela ideia de que era tempo de conciliar o sono; queria poisar o volume que julgava ter nas mãos e soprar a chama da luz; dormira, e não parara de reflectir sobre o que acabara de ler, mas tais reflexões haviam tomado um aspecto um tanto especial; parecia-me que era de mim mesmo que a obra falava: uma igreja, um quarteto, a rivalidade entre Francisco I e Carlos V.»

Cota: 821.133.1-3 PRO

Nós, os Portugueses
de Maria Filomena Mónica
(crónicas publicadas na imprensa)

«Ao longo dos tempos, a liberdade tem sido entendida de diversas formas. Para os indivíduos influenciados pelo Salazarismo — ainda existem por aí uma meia-dúzia — a liberdade acabaria invariavelmente na licenciosidade. Para ser justa, importa dizer que, embora os reclamasse para si, a oposição ao Estado Novo tão pouco dava importância aos valores liberais. Em 1974, veio a Revolução dos Cravos e as águas turvaram-se. Hoje é tido como liberal qualquer crítico de um governo de esquerda, embora, no dia seguinte, vá apoiar, sem pudor, um governo intervencionista de direita. Num país onde a uma série de revoluções de esquerda se sucedem golpes de direita, os portugueses jamais tiveram oportunidade de observar um regime tendo diante de si limites reais. Nesta cantinho, todos os sectores políticos, de esquerda e de direita, sonham com a transformação da sociedade através do Estado. Ergo, não houve, não há, liberalismo. Ou, se quiserem, ainda não há.»

Cota: 821.134.3-94 MON

As Pessoas Felizes
de Agustina Bessa Luís
Publicado pela primeira vez em 1975, faz a reflexão e o diagnóstico de uma sociedade que pouco depois se iria envolver drasticamente nos acontecimentos políticos e sociais do 25 de Abril.

«No ano de 1971 caiu sobre a família dos Carrancas uma série de calamidades. Aconteceram num ritmo tão rápido que não deixaram de impressionar toda a gente. As pessoas felizes desagregavam-se. Umas conheceram a ruína porque se entregaram a especulações delirantes e absurdos negócios. Outras foram arrastadas por sentimentos desprezíveis, perseguindo nos tribunais sócios ou inquilinos. E outras ainda morreram de maneira desastrosa.»

Cota: 821.134.3-3 LUI

A boa, a má e a vilã
de Adelina Velho da Palma (contos)

«Uma sólida amizade unia aquelas duas mulheres. Juntamente com Amélia, encarnavam os três vértices de um triângulo de lados flexíveis que se podiam esticar e deformar mas nunca romper. Conheciam-se havia anos. Obra do acaso, coubera a Rute servir de ponte de união das outras duas. Fora colega de Tânia na Faculdade onde fizera o mestrado, e travara conhecimento com Amélia no emprego. Divertiam-se imenso as três juntas. Gostavam de opinar sobre tudo e cada uma via as coisas por um prisma diferente, o que constituía uma experiênciua enriquecedora para qualquer delas. Mas não só. Ajudavam-se mútua e incondicionalmente. Todavia eram muito diferentes. Às vezes discutiam, censuravam-se, eram desagradáveis. No entanto os arrufos não duravam muito tempo. E, sobretudo, o sentimento que as unia nunca era posto em causa.»
("Prova de Amor", pag. 75)

Cota: 821.134.3-3 PAL

Humilhados e Ofendidos
de Fiódor Dostoiévski (romance)

«Era uma história assustadora: a história de uma mulher abandonada que perdeu a sua felicidade, doente, exausta, rejeitada por todos, até pela última criatura em quem tinha a esperança de se apoiar — o seu pai, outrora ofendido por ela e que, por sua vez, enlouqueceu na sequência de sofrimentos e humilhações insuportáveis. Era a história de uma mulher levada ao desespero, deambulando com a filha, que considerava ainda uma criança inconsciente, pelas ruas frias e sujas de Petersburgo, pedindo esmola. Uma mulher que depois, durante vários meses, agonizou numa cave húmida e a quem o pai recusou o perdão até ao último momento da vida dela.»
(pag. 179)

Cota: 821.161.1-3”18” DOS

Contos e Novelas
de José Régio

      Sucedeu então que pela primeira vez vi a Maria Eugénia, num baile. Foi num baile de Carnaval, em casa particular. Os donos da casa eram gente rica, mas de riquezaq recente. Não tinham, pois, ensaiado grandes esforços para a esconder: se o ambiente não demonstrava requintado gosto, era, porém, de luxo e facilidade.
      Algumas raparigas estavam fantasiadas. Lindamente vestida à moda dos bons tempos românticos, (ou assim me pareceu) Maria Eugénia brilhava como princesa da festa. Notei-a logo que entrei na sala. Como fora levado por um amigo, ou coisa parecida, pedi-lhe que me apresentasse. Ele olhou-me nos olhos, sorriu-se, e disse-me, erguendo ameaçadoramente o dedo:
      —Cautela...

Cota: 821.134.3-3 REG

Obra Poética (1972-1985)
de Nuno Júdice

Reunião dos livros publicados entre 1972 e 1985 por um dos grandes escritores portugueses da actualidade.
→ A a Z: blog de Nuno Júdice

Subitamente surge. Tem o teu rosto

O paraíso terrestre é uma flor verde.
As árvores abrem-se ao meio.
O que é sucessivo perde-se.
Se o tempo modifica os seres e os objectos
eu sinto a diferença e gasto-me.
O sol é um erro de gramática,
                             [ a luz da madrugada
uma folha branca à transparência
                                       [ da lâmpada.
Soam então os barulhos. Soam
de dentro das janelas,
de dentro das caixas fechadas
                                    [ há mais tempo,
de dentro das chávenas meias de café.
É tarde e és tu,
acima de tudo,
entre a manhã e as árvores,
à luz dos olhos,
à luz só do límpido olhar.

Cota: 821.134.3-1 JUD

Albert Einstein e a Experiência do Conhecimento em Física,
de Daniel Duarte de Carvalho.
Um pouco da história das descobertas científicas de Einstein, com ênfase na relação entre Ciência e Religião, e também no modo como se processa a investigação, a formação dos conceitos e das leis científicas. Bastante acessível, apoiando-se em frequentes citações de Albert Einstein.
Cota: 165.4 CAR

No Castelo do Barba Azul,
de George Steiner
Ensaio sobre a cultura, que começa por caracterizar muito bem a "mania" de mitificar o passado, por comparação com o presente (ler citação abaixo). Outro tema aqui desenvolvido é o do paradoxo da perseguição dos Judeus, justificado por Steiner como um castigo pela invenção do Deus único, ser perfeito que exige de nós uma perfeição que não está ao nosso alcance — tema que ele retoma no seu mais recente livro, Os Livros Que Não Escrevi.
No Castelo do Barba Azul, que tem como sub-título: "Algumas notas para a redifinição da cultura", foi escrito em 1971, e tenho pena de não o ter lido na altura. A edição portuguesa é de 1992, mas trata-se de um texto que mantém plena actualidade.

«A imagem que nos acompanha de uma coerência perdida, de um centro sólido, tem mais força do que a verdade histórica. Os factos podem refutar mas não vencer essa força, correspondente a uma exigência psíquica e moral profunda.»

Cota: 008(042.31) STE

Os choques na economia não acabaram. O primeiro foi na indústria automóvel. [...] O segundo é a electrónica de consumo e o terceiro que vai sofrer bastante é o turismo e as viagens.
Augusto Mateus ao jornal Público

O Diabo veste Prada
de Lauren Weisberger (romance)
Passado no cenário da alta costura de Nova Iorque, relata a história de Andrea Sachs, uma recém-licenciada cujo sonho é escrever para o The New Yorker, onde acabará por encontrar um ambiente de futilidade dominado pela caprichosa editora-chefe, Miranda Priestly.

      «James passou pela minha secretária, como fazia sempre que Miranda não estava no gabinete dela, e anunciou que na noite anterior tinha conhecido o seu futuro marido no Balthazar.
   — Estava sentado ao balcão, com o casaco de cabedal vermelho mais espectacular que eu vi até hoje. E, deixa-me que te diga, bem podia despi-lo. Se visses como ele lambia as ostras com a língua... - Deu um gemido audível. - Oh, foi magnífico.
   — Ficaste com o número dele? - perguntei.
   — Se fiquei com o número dele? Tentei ficar com as calças dele. Às onze da noite estava de rabo ao léu no meu sofá e, deixa-me dizer-te...»

Cota: 821.111(73)-3 WEI

A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis
de Lilia Moritz Schwarcz e outros

História da real biblioteca portuguesa desde a sua origem, mas com especial desenvolvimento de duas épocas: a do terramoto de 1755 e a da estadia da corte no Brasil, para onde a Biblioteca também seguiu — e onde ficou, na sua maior parte, a troco de uma grande indemnização paga pelo Brasil independente. Foi assim que foi parar ao Brasil a mais antiga planta de Sesimbra, já referida aqui →.

Anúncio na Gazeta do Rio de Janeiro:

«Em 1804 fugiu a Manoel Fernandes Guimarães um escravo mulato de idade de 30 anos chamado Joaquim que foi comprado na Capitania do Espírito Santo ao padre António Gomes, tem os sinais seguintes: é oficial de alfaiate, barbeiro, de estatura ordinária, cabelo unido ao casco da cabeça, beiços grossos (o de cima finge dois) e muito picado de bexigas. Quem dele tiver notícia e queira denunciar, dirija-se à casa de Manoel Gomes Fernandes na rua Direita nº 26 aonde receberá o prémio de 40$000 reais.» [pag. 299] Cota: 027.5(469) "17/18" SCH

Cezimbra

sexta-feira, março 28, 2008

Dia Mundial do Teatro - mensagem