Menos pescas
Bruxelas propõe novo corte nas quantidades de pesca
Reduções propostas para 2007 chegam aos 30 por cento nalgumas espécies nas águas portuguesas
Os pescadores portugueses vão ser confrontados em 2007 com novas reduções importantes nas quantidades de pesca face às quotas deste ano em espécies como o bacalhau, pescada, carapau ou tamboril.
Esta situação resulta da proposta que foi ontem apresentada pela Comissão Europeia aos governos dos Vinte e Cinco relativa à definição dos Totais Autorizados de Captura (TAC) e quotas de pesca para 2007.
Os cortes mais drásticos são propostos para o bacalhau, cujas capturas deverão ser reduzidas em 34,87 por cento, face aos valores deste ano, nas águas da União Europeia, ficando assim reduzidas a 3634 toneladas.
No mar do Norte, a redução proposta para o bacalhau é de 25 por cento, no quadro do plano de reconstituição dos stocks instituido há vários anos. De acordo com os cientistas, no entanto, esta espécie continua sobreexplorada, o que os leva a apelar a uma moratória. "Temos de tomar medidas severas no caso do bacalhau", afirmou Joe Borg, comissário europeu responsável pelo sector, acrescentando que "há ainda uma pressão excessiva sobre alguns stocks, apesar dos planos de reconstituição".
Sob a pressão do sector, no entanto, os ministros das pescas dos Vinte e Cinco têm vindo a recusar assumir medidas tão drásticas, podendo voltar a fazer o mesmo durante a habitual "maratona" negocial do fim do ano, a partir de 19 de Dezembro, para a fixação das possibilidades de pesca para 2007.
Nas outras espécies que mais interessam aos pescadores portugueses, Bruxelas prevê cortes de 10 por cento das quantidades previstas este ano para a pescada (que fica assim limitada a 5995 toneladas) e para o lagostim (437 toneldas). O tamboril terá uma redução de 15 por cento (1662 toneladas), o mesmo acontecendo com a arinca (9792 toneladas).
O badejo e a solha terão cortes de 20 por cento, ficando respectivamente com 522 e 358 toneladas, o mesmo acontecendo com a juliana (230 toneladas) e o escamudo (3.790 toneladas). A maruca terá por seu lado uma redução de 30 por cento (10.475 toneladas).
Finalmente o carapau, uma das espécies mais importantes para os pescadores portugueses, terá uma redução de 15 por cento das capturas nas águas continentais (ficando com 46.750 toneladas) e de 20 por cento tanto na Madeira (1.024 toneladas) como nos Açores (2560 toneladas).
Ao invés, o biqueirão poderá ser pescado nas quantidades do ano passado - oito mil toneladas - o mesmo acontecendo com o linguado - 1216 toneladas. Já as capturas da sarda e do areeiro poderão aumentar 13 e 13,5 por cento, passando, respectivamente, para 29.611 e 1440 toneladas.
Além das reduções de quotas, Bruxelas insiste na necessidade de manter algumas medidas de controlo dos stocks, como a redução do número de dias de pesca para algumas espécies e a utilização de redes de malha mais selectiva.
jornal Público - 6 de Dezembro de 2006
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